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Estudo em parceria com o Hospital de Paulínia, identificou mecanismos metabólicos e o papel da imuno

Pesquisadores da Unicamp investigam o papel da imunoterapia no tratamento de pacientes com infecção moderada à grave por coronavírus




A COVID-19 é uma doença causada pelo novo coronavírus denominado SARS-coronavirus 2 (SARS-CoV-2). À medida que o surto de COVID-19 se acelera, cresce a necessidade urgente de encontrar estratégias para combater o vírus. Cabe salientar que a grande taxa de disseminação e o grande número de pacientes que necessitam de internação e cuidados intensivos faz do COVID-19 um grande problema de saúde pública, com potencial de causar o colapso de todo o sistema de saúde brasileiro, tanto público quanto privado. Assim, é de extrema importância a obtenção de mais conhecimento sobre o mecanismo de como o COVID-19 infecta o paciente e sua interação com o sistema de defesa do corpo.

Cientistas de todo o mundo se engajaram rapidamente nessa batalha estudando os mecanismos moleculares e buscando novos métodos diagnósticos e estratégias terapêuticas eficazes contra essa doença mortal. Nesse cenário, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) investigam o papel da imunoterapia no tratamento de pacientes com infecção moderada à grave por coronavírus. Em parceria com o Hospital Municipal de Paulínia (HMP), os pesquisadores analisam o uso da imunoterapia batizada com o nome OncoTherad, já em uso para o tratamento do câncer de bexiga no hospital, em associação com antibióticos no tratamento de pacientes com COVID-19.

O OncoTherad é responsável por aumentar as defesas do corpo, em especial produzindo uma substância conhecida por interferon. De acordo com o Professor Wagner Fávaro, coordenador da pesquisa, na infecção por COVID-19, o vírus causa diminuição na produção de interferon e, consequentemente, supressão da resposta imunológica contra o vírus.

“Com a diminuição de interferon, a resposta das células T contra o vírus é abolida e a infecção consegue avançar”, explica Dr. Fávaro. O urologista Dr. João Carlos Alonso, membro da equipe de pesquisa, explica que o uso da imunoterapia OncoTherad pode melhorar a resposta do organismo contra o vírus em decorrência do estímulo da produção de interferon por esse medicamento.

O caso recente do uso dessa imunoterapia para COVID-19 no Hospital Municipal de Paulínia foi do primeiro paciente curado no município, Sr. José Gomes da Silva. Os resultados iniciais desse estudo foram recentemente publicados na plataforma aberta de pesquisa Social Science Research Network (SSRN), com o trabalho “A 78-Year Old Urothelial Cancer Patient with Faster Recovery from COVID-19: Potential Benefit from Adjuvant Active Immunotherapy” (SSRN: https://ssrn.com/abstract=3609259). De acordo com esse estudo, os pesquisadores demonstraram importantes vias metabólicas envolvidas tanto na progressão da infecção por COVID-19 quanto na recuperação do paciente.

A infecção por COVID-19 causa intensa alteração nos lipídios, gorduras do corpo, explica os pesquisadores Dr. Rodrigo Catharino e Jeany Delafiori. Distúrbios no metabolismo de glicerofosfolípides, glicerolípides, ácidos graxos e das lipoproteínas de baixa densidade (LDL) foram identificados nos pacientes com infecção grave por COVID-19. Os pesquisadores observaram que o uso da imunoterapia com OncoTherad em associação com antibióticos e corticoide foi capaz de recuperar o metabolismo alterado dos lipídios nos pacientes infectados, diminuindo os sintomas respiratórios e a gravidade da doença.

“O interferon produzido pelo OncoTherad foi capaz de restaurar o metabolismo de lipídios do corpo, aumentando substâncias como os ácidos linoleico e araquidônico, os quais são importantes em ativar o sistema de defesa do corpo. Como resultado final, a imunoterapia com OncoTherad reduziu o tempo de internação e impediu a progressão da infecção respiratória para estadios mais graves da COVID-19” – comentam os pesquisadores Wagner Fávaro e Rodrigo Catharino.

Embora os resultados sejam animadores, os pesquisadores alertam que são necessários mais estudos para comprovarem esses achados iniciais e que novos pacientes aguardam aprovação da Comissão de Ética em Pesquisa para serem tratados.

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