Suspeita compra de votos vira caso de polícia
Segundo denunciante, um vereador abordou alguns adolescentes e ofereceu dinheiro para aparecerem em um vídeo e votar na candidata
Vladimir Luciano Firmino responsável pelo projeto social “Instituto Comunitário Benedito Aguiar”, que utiliza as dependências da Biblioteca Virtual, registrou um boletim de ocorrência na quarta-feira (28), alegando uma suposta compra de votos pelo vereador Marcelo D2 (PROS).
De acordo com informações do B.O, na quarta-feira Vladimir recebeu uma ligação da secretária do Instituto dizendo que o “pessoal da política” estava no local, realizando gravações de vídeo e que haviam abordado alguns alunos do projeto.
No momento do ocorrido, estava sendo ministrada aula de artesanato para senhoras de idade.
O declarante foi até o local e presenciou Marcelo D2, a candidata Nani Moura (MDB) e diversas pessoas deixando o local.
Firmino foi até o vereador e disse “pedi várias vezes para você me ajudar nesse projeto, que esse local estava abandonado, você não fez nada, agora você vem com essa moça aqui prejudicar a gente, a gente não aceita política aqui”.
Marcelo D2 disse ao declarante que não iria tirá-los do local e que só tinham feito um vídeo que seria colocado no ar e deixou o local.
Vladimir conta que conversou com dois adolescentes residentes próximos a Biblioteca Virtual que relataram que D2 ofereceu dinheiro para eles gravarem um vídeo e votarem em Nani Moura.
Os adolescentes relataram no B.O que o vereador os abordou dizendo “moleque, participa de uma gravação aqui, vou te dar 50 reais”.
“Os adolescentes receberam 50 reais cada um, das mãos de D2”, relatou Firmino.
Mais tarde o declarante encontrou novamente os adolescentes, que disseram que Marcelo D2 voltou ao local e pediu para que eles não fizessem nenhuma ocorrência, que isso poderia prejudicá-lo e para que assinassem uma autorização para gravação e divulgação das imagens, o que foi negado.
Segundo informações que constam no boletim de ocorrência, o parlamentar chegou a abordar diversos adolescentes que estavam próximos ao local, fazendo a mesma proposta.
Ainda de acordo com relatos dos adolescentes, Nani Moura estava junto e presenciou a entrega do dinheiro. Eles descreveram Nani como sendo uma mulher branca, magra, pequena e cabelos presos com rabo de cabalo e mechas.
Nas ruas de Paulínia, o vereador Marcelo D2 vem acompanhando Nani Moura em sua campanha política desde o início.
Edson Moura e Moura Jr.
Em 2012, Edson Moura e Moura Jr. também se envolveram numa suposta compra de votos, que foi noticiada até no programa Fantástico.
O Fantástico apresentou uma reportagem denunciando compra de votos nas eleições de 2012 em três cidades do Brasil, incluindo Paulínia. Além das imagens feitas pela câmera escondida, algumas testemunhas, que tiveram a identidade preservada por questões de segurança, admitiram ter recebido dinheiro do ex-prefeito Edson Moura em troca de votos.
Segundo a promotora Kelli Giovanna Altieri Arantes, os Moura ofereciam variadas quantias de dinheiro a moradores durante a visita eleitoral aos bairros. Pela apuração da promotora, pai e filho passavam nas casas com seus assessores e entregavam dinheiro aos eleitores enquanto pediam voto.
A denúncia foi feita pela regional de Paulínia do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), que apontou vídeos em que um homem, que seria o político e na época era candidato à Prefeitura, recebendo pessoas em um quarto. Elas entram uma a uma no cômodo, conversam por alguns minutos e antes de saírem recebem algo semelhante a notas. Nas imagens, aparece o filho de Moura, também apontado como suspeito pelo Ministério Público Eleitoral.
O que pode acontecer com Nani Moura?
Se for comprovada a compra de votos, as punições legais vão desde prisão de 4 anos, multa, risco de tornar-se inelegível por 8 anos e cassação do manto, caso ao final do processo, tenha sido eleita e tomado posse.
No andamento da campanha eleitoral, cabe ainda a impugnação da candidatura.
Outro lado
Nani Moura registrou um B.O na quinta-feira (29) por Denunciação Caluniosa, contra pessoas que a acusam de compra de votos.
“Eu não dei dinheiro e nem comprei votos. Quero que a polícia investigue porque isso é uma calúnia. Estão tentando me prejudicar nesta reta final. Quero que essas pessoas comprovem o que denunciaram”, afirmou Nani.
Marcelo D2 também negou as acusações. “Não dei dinheiro para ninguém. Na reta final da campanha estão fazendo armações e mentido. Caso seja chamado, vou explicar tudo à Justiça”, relatou o parlamentar.